quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Museu da Língua Portuguesa




Museu da Língua Portuguesa:

Pífio Padrão Global


Não acredito em arte

Que não seja libertação


Manuel Bandeira


-Como todo cidadão comum, tomei um ônibus na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo, linha Estação da Luz, e lá fui, com a musa-vítima açodada pela propaganda, ver o tal Museu da Língua Portuguesa na Praça da Luz, centro velho roto e abandonado de São Paulo. Expectativa enorme, claro, muito mais para um poeta que estuda a língua-mátria, como diz o Caetano Veloso. Fui na onda midiática do momento. Fui interessado lá - comprovante número 5202 - ver o tal Museu da Língua Portuguesa, torcendo para vibrar com o sucesso aventado, crendo que iria adorar. Pobre e ledo engano. Infelizmente. -Desci no lado da Cásper Líbero (ponto final da linha do péssimo serviço de transporte coletivo urbano piorado demais) e, SURPRESA!. Desci e fiquei sem saber pra que lado era o tal lado do tal não apresentável estético Museu. Nenhuma placa, nenhum sinal, nenhum aviso, nada de nada. Incompetência estrutural, inclusive para incautos Turistas desavisados. Entrei na Estação perdidinho. Gente de monte, sujeira, correria, uma loucura - a pobre gente brasileira e a nefasta propaganda enganosa vendendo gato por lebrea - e nada de placa, sinal, aviso, gerenciamento. Quase atropelado fui em busca de uma só possível autoridade vigiadora ou informante local. Lá pelas tantas, um guardinha muito mal humorado, cara de azedo deu a dica com um humor risível irônico: -A filona é ali, sapecou ele, rindo do trouxa perguntador e curioso de uma figa. Sim, interessados em cultura, ao lado, sentido da Praça da Luz, num local lotado de camelôs verdadeiramente achacando eventuais clientes-patos, a fila enorme e vergonhosa. De dar dó. Ao lado carros mal-estacionados, ônibus de excursões sem estrutura, montoeira de vendedores de tudo quanto é bugiganga. Nenhum fiscal, policial, sequer os da indústria de multa. Descaso público total. Crianças, jovens, idosos, estatutos ético-humanistas à parte, foram na fiuza da propaganda enganosa e ali estavam perdidos e entregues aos desmandos generalizados, mais o preços-roubos dos vendedores mal-encarados em contrabandos informais ou no neoescravismo das terceirizações invadindo cafundós, filas, ermos e sombras. E os direitos humanos dos fileiros interessados em cultura?. Vão sacando.Quase uma hora na fila da incompetência estrutural. Sol de rachar mamona, calor doentio, perdição de tudo quanto é tipo, poluição humana dos piores elementos mercadores possíveis, mau cheiro de fedô e chega gente perdida, sai gente frustrada, quando, a bem da verdade, nem poderia em tão pouco tempo e pouco espaço organizacional ter ônibus do interior em tamanha bagunça técnico-administrativa. Deveria ser proibido. Era pegar ou largar. Desordem e reclamos. Chegando ao lugar do filtro com catraca, fila mal arrumada pra pegar um bendito tíquete, quando uma moça nervosinha da silva e amadora para o contexto também pouco funcional, queria tirar-me a bolsa de mão na marra, como se fosse mochila. Tive que, cidadão-contribuinte peitá-la sob o vezo ético. Degradante. Constrangedor. Não sabia a diferença entre uma coisa ou outra. Cabide de empregos desproposital? Aliás, não podia nada quando tudo é cultural e educação faz gosto. Ver pra crer.Aí era esperar o elevador-dinossauro. Sem ascensorista, um guardinha que ia e vinha, coitado, entre atropelos, avisou depressinha e sufocado pela mixórdia generalizada que era para irmos direto e reto pro primeiro andar que o segundo e terceiro estavam lotados. Acredite se quiser, mais o bicho velho subiu diretinho rangendo o peso morto exatamente para o terceiro andar e ninguém apertou nada. Inaugurar obras de supetão para mostrar que é o que não é, é ridículo. Os desgovernos tucano-liberais nunca fizeram nada pela cultura, nem pela educação, porque aquela obra populista e eleitoreira então? Mas ali estávamos e fomos ver o desboque. Uma ou outra coisa trivial e comum que prestasse, ainda assim mal-e-mal visto de passagem. O inédito e supostamente novo, nem é tão novo, pioneiro, inédito ou de vanguarda assim. Confusões de sons e letramentos como macadames. Gírias imperfeitamente incorretas e politicamente obtusas. Os poemas pintados num corredor demasiado estreito até que ficarem bem, apesar das escolhas poéticas bem suspeitas e também até umas letras de mpb bem jecas totais. Pior: o padrão global tornou pífia a minha expectativa. Já pensou? Tevês e tevês. Nada de novo no óbvio. Pouca tecnologia de ponta que causasse interesse, nem ninguém para ordenar interesses de usuários curiosos. Poemas nos tijolos entre lixões. Coisa bobinha de dar dó. Não acrescentou nada a nada. Plínio Marcos iria morrer de ir. Pobre Sampa. O tal olho mágico que mostrava o diferente no longe foi razoável, mas, acreditem, algo pueril no lúdico de percurso entre tarecos. O espelho de se ver o texto ao contrário na água foi uma boa idéia pingada ali no contexto todo. Criações em saquinhos pendurados no ar. Não acrescentou interesse aproveitável que fosse. Telas-panos corrigidas do Guimarães Rosa. Por que não as consertadas, páginas especiais, com mais historiação sobre um dos maiores autores brasileiro? Para não dizer que faltou Machado de Assis e grandes poetas em exposições por atacado. Esperava mais. Mas não mais do mesmo. Ninguém para ciceronar. Sons e imagens numa mistura ruim para o ler/ver (pensar/sentir) literatura, palavras, sons. Um achado fraco e o pessoal que criou o tal museu não foi fundo, com suspeitíssimos nomes (artes?...) ali de quem chegou indagora, talvez, num crescendo nem chegará perto do Machado e Guimarães, mas já estava inserido ali de alguma maneira suspeita, e assim também esteve bolando o projeto em que se incluiu. Difícil acreditar, não é?. Tráfico de influência ou intermediação de foro íntimo e interesse próprio, midiático-editorial, via padrão global por isso mesmo no geral rastaquara, bobinho na resultante final, nota seis, se tanto. O espaço até exíguo, assim mesmo exigia mais capricho, coragem limpa, lúcida, criativa. Criação fora de série não faz mal a ninguém. Museu que já nasceu velho. Da Língua indizível que ali foi prostituída de alguma forma. Portuguesa mas nem tanto. Um museu de blefes, chinfrim mesmo. Oswald de Andrade e Mário de Andrade, da semana da Arte Moderna (1922) teriam vergonha. Faltou palavras. É um Museu a la Faustão: grande e vazio, esteticamente sofrível e vernacularmente arigó. Na mídia, mas, só tamanho não é documento artístico-cultural-humanista, nem cult. Por que a UBE-União Brasileira de Escritores não peitou o açodado projeto, se tem mais cabedal histórico, acervo e lastro?. Eu não gostei. Senti uma frustração geral entre pessoas da classe A e B, com a C e D acreditando mais na propaganda do que na arte e na cultura e na língua propriamente dita. Aconselho os amigos interessados em qualidade cultural, a visitarem a maravilhosa Pinacoteca. O tal Museu da Língua Portuguesa, perto da Pinacoteca é um beco de nadas e ninguéns, um cortiço de toleimas pseudocriativas imprestáveis na geléia geral, grosso modo, um gueto de modernosos que, depois que deixar de ser moda nodal, entrando uma gestão cultural séria, visionária - ai de ti paulicéia desvairada - vai demolir tudo e mandar recomeçar do zero, pois, afinal, depois que vi o ralo e raso e, portanto, claro, não vi algo de nada, fiquei com a impressão que fui logrado por algum motivo, de alguma maneira. Grátis é caro. Entrar na fila quilométrica para ver um amontoado de imagens e palavras que não colam, tudo aquilo com a cara do Fantástico pareceu-me um ledo engodo. Faltou luz criativa ali em frente a Estação da Luz. Será que tem gente que não enxerga no claro?Em ano de Copa do Mundo, de brasileiro no espaço e de eleições, parece discurso ímprobo jogado fora (como erário é espaço público inaproveitado - e falsa cultura literária também jogada fora), cabeças vazias pensando que são o que não são, jogo de cena para ganhar espaço na mídia com arte que não pára em pé. Bola fora mesmo. Pariram um elefante branco lítero-cultural. O lixo não pode ser pseudopop com erário público.E ainda ouvi dizer (ou ouvi sentir, ouvi soar em ouvidos de mercadores) que a sagrada Maria Bethânia podia ser captada na balbúrdia da feira declamando Fernando Pessoa. Será o impossível? Quem gostou é mal formado.

-0-
Poeta Silas Correa LeiteCrítico Social, Jornalista ComunitárioPós-graduado em Literatura na Comunicação (ECA), e Direitos Humanos e Democracia (USP)


Autor de Porta-Lapsos, Poemas, 2005

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Salmo Para Julia Moura Lopes, Porto, Portugal




Salmo para Julia Moura Lopes, do Porto, Portugal


Senhor, tende piedade dos meus pés descalços
Sobre a calvície oblíqua da terra cor de sangue
E olhai para as bolhas de água dos meus dedos
Que singram carcaças nunca dantes navegadas

Senhor tende piedade das espigas de milho
Que colhem o ouro do sol com energia atomal
E nos devolvem em broas e pudins e horizontes
Que dedilhamos sementes em almas andarilhas

Senhor tende piedade da água na ponte de pedra
De uma Portugal que é prelúdio dentro da gente
E abençoai a alma poética da amiga Julia Moura
A escrever-nos em salmouras santas na distância

E por fim, Senhor tende alguma piedade de mim
Lusonauta trazido da Ilha da Madeira numa leva
Todos na diáspora a fugir do terror de uma cruz
E por teu santo nome nos fizemos brasilíndios

Nesta américa latina em pó deixamos os finca-pés
De ancestrais lusos com líricas em santas cítaras
E no escambo a poetar com a alma de Julia Moura
Nossas lágrimas de sangue o olhar dela de pepitas

-0-

Silas Correa Leite
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sexta-feira, 27 de novembro de 2009

H2OUTROS - Letra de Rock Poema





H2OUTROS


A bomba que te espera
Não virá da estratosfera
Mas do lixo que produziste na primavera
Haverá na terra tanto aterro sanitário
Que até tu otário
Já era

A bomba que te virá
Do céu não irromperá
Mas do pão e mel que faltará
E a fome horrendo que será
A bomba atônita de tua era

Por fim e por fatal mágoa
A bomba da falta dágua
Onde um bilhão de humanagente é pouco
Dois bilhões de gados marcados entre porcos
E a bomba H 2 Outros

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Letra

Silas Correa Leite

Poema da Série: H2OUTROS – Letras de Rock Poemas

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sábado, 14 de novembro de 2009

Como Deixei de Ser Deus, Estupendo Romance de Pedro Maciel





Pequena Resenha Critica

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Pedro Maciel Fala a Língua dos Deuses


Em “Como deixei de ser Deus”, Pedro Maciel conversa com Deus e o Diabo. O estupendo e assustador Romance “COMO DEIXEI DE SER DEUS”, Ed. Topbooks, 2009, é o top de linha no atual momento da efervescente literatura brasileira contemporânea. Humor, concisão perturbadora, erudição, alumbramento e ironia, assustadora sonoridade, ritmo e muita lucidez. Máximas, epigramas, aforismos, citações, fragmentos reflexivos contundentes. Muito mais do que isso. Há recursos brilhantes na intextualidade, além de alumbrados estados metafóricos. E muito mais do que isso. Começa a apresentação estética da obra com a capa de um vermelho-diabólico que parte da obra “Desvio Para o Vermelho”, de Cildo Meireles, um dos pioneiros da arte conceitual.

Elogiado entre outros por Moacyr Scliar, o maior proseador brasileiro categorizado por excelência nos últimos tempos, por Ivo Barroso, pelo emepebelizado filósofo multimídia Antonio Cícero, e ainda por Luis Fernando Veríssimo (o maior cronista da imprensa), Pedro Maciel se afirma e confirma em cada trabalho, e todo mundo que entende do riscado surpreendido assina embaixo de que ele é mesmo a mais fina flor da espécie literária contemporânea. Muitíssimo acima da média. Um achado.

Com um seu mundo letral ostentando em esplêndido e magistral imaginário, algo apocalíptico; Pedro Maciel produziu um excelente romance presente-(passado)-(o futuro está sempre em construção), um romance com ecos, estados oníricos, viajações e até certas derramas. Ficção-show.

O pesadelo de Deus. O homem? O espelho? Deus mora nos fragmentos atemporais? Deus, a consciência do homem... Pensamentos, sensibilidades, abstrações – o tripé em que fomenta (fermenta) a obra COMO EU DEIXEI DE SER DEUS. Em entremeios a tudo isso, encantamentos e textamentos. O tempo-rei costurando veios. “Deus, a alma dos brutos”. E os brutos que amamodeiam. Diálogos interligados, incendiando pequenos parágrafos epigramáticos entre reticências, citações e a pólvora do criar se vislumbrando. A arte-pura-provocação. A construção-desconstrução de uma babel íntima? O que foi é. O que será se cabe sendo. Deus não é fóssil. Não é fácil, portanto. O universo mágico da loucura que não é santa e nem se veste de ouro e prata, talvez vermelho-coisal, bezerros de ouro à parte...

O “Bildungsroman” (romance em formação) informa, transforma, reforma, disforma, forma, metamorfoseia. Essas e outras. Idéias? Propósitos? Como um concretismo em prosas. E toma Platão, Heráclito, Beckett, Da Vinci, Dostoiéski. E os livros sagrados, claro, que sem eles não haveria a proposital (?) provação, provocação, ação literária nesse caso de extremidades que se tocam, permeiam, tecem, vazam, desnorteiam.

A “desnarração” sem arames e presilhas como fim, fito e propósito. A voz do narrador (em negrito); a voz que clama no deserto (em itálico): delírios que nada passam a limpo, antes, com e fundem, feito delírios sarados do finito ser que cria o transcendentalizar-se. Será o impossível. Quando se brinca de Deus, com Deus, adeus sanidade. Sorte nossa. Será o impossível? Ah a notável caixa de pandora da literatura dando bons refluxos. Estamos no coração das luzes e não nos enxergamos em nós? A função da escrita enquanto arte é também retrazer o não identificável. Talento tem gerador próprio. É o caso de Pedro Maciel já elogiado por A Hora dos Náufragos (Bertrand Brasil, 2006). Ninguém fica lúcido de uma honra pra outra. A impertinência é que faz a hora, a criação.

Pedro Maciel é sim um puro “neoriobaldo” em contracorrente: “A gente vive pra desmistificar”. E administrar as contundências dos mitos também. Entre o sótão e o porão de si mesmo (tantos sis em si), Pedro Maciel maravilhosamente desestrutura o osso de ostra do romance formal. Um de-quê de Borges, de Garcia Marques, de Cortazar, de Kafka Lispectoriano... E ainda assim, o lugar de si tem cabimento.

O romance que se atirou frente a janelas de alma-mente-coração. A alma diversa. A vida (vida?) diversa. Um romance que diz versos. Janelas de fugas criacionais. Quase pequenas pinceladas multi-historiais. O não lugar, o são ser, os não personagens. Deus e o diabo na terra do nunca, na terra do Self. E escurez. Sozinhez. A originalidade da obra clássica de Pedro Maciel surpreende, assusta, intriga, corrói (des)valores, desmistifica, toca o indizível. Toca circuitos, escritas.

Vejam/leiam os “joios” preciosos:

“Ontem visitei a cidade em que nasci; ninguém me reconheceu(...)/deuses não têm Deus quando lembram do homem(...)/Se Deus existisse todo mundo ficaria sabendo(...)/Há cabeças que mesmo cortadas emitem pensamentos(...)/Pelo amor de Deus se vai ao inferno(...)/A linguagem sempre esconde o pensamento(...)/O homem pensa e Deus ri(...)/Quando nasci os deuses já estavam mortos(...)”


-0-

Silas Correa Leite, Santa Itararé das Letras, São Paulo
Teórico da Educação, Conselheiro em Direitos Humanos, Jornalista Comunitário, Poeta, Contista, Resenhista, Ensaista e Crítico. Autor de Porta-Lapsos, Poemas, e Campo de Trigo Contos (finalista do Prêmio Telecom, Portugal), a venda no site:
www.livrariacultura.com.br
E-mail para contatos: poesilas@terra.com.br
Blogue premiado do UOL: www.portas-lapsos.zip.net











quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Silas Correa Leite na TV Cultura


Escritor Silas Correa Leite no programa Provocações da TV Cultura de São Paulo

A CURA - Poema Querendo Ser Letra de Rock





A Cura (Orbitação)
(Poema Querendo ser Letra de Rock)

A aspirina não cura a dor da consciência
A cocaína não bota luz na sua ausência
O ipod não vai te levitar
Range rede mas é só um som virtual
Que cura
É a sua loucura
Nessa entrevada procura?

O papo de bar é só uma luz no seu self
Igreja não vai substituir você de você
O humor é colírio no espírito
Ser feliz é muito mais que casual
Que paz
Que você corre atrás
Se mudanças em si não faz?

Fugir é sempre muito dentro da gente
Vegetar é um futuro ponto de interrogação
Morrer é de todo jeito
Só os imbecis são quimicamente felizes
Que razão
É a sua orbitação
Sem noção existencial?

-0-

Silas Correa Leite, Itararé-SP
E-mail:
poesilas@terra.com.br
www.itarare.com.brsilas.htm

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Resenha Crítica do Livro premiado O HOMEM QUE VIROU CERVEJA, de Silas Correa Leite


Crítica


“O Homem Que Virou Cerveja”, Livro Premiado de Crônicas de Silas Corrêa Leite



Depois de finalista do Prêmio Telecom de Portugal, com seu livro de contos premiados ‘CAMPO DE TRIGO COM CORVOS´, Editora Design, Santa Catarina a venda na
www.livrariacultura.com.br, Silas Correa Leite, o tachado de “O Neomaldito da Web” (pelo site Capitu), com bela entrevista polêmica num dos últimos Programas “Provocações” da TV Cultura (SP) do Antonio Abujamra, está lançando agora o livro de “crônicas hilárias de um poeta boêmio”, chamado ‘O HOMEM QUE VIROU CERVEJA´, Giz Editorial, SP, Prêmio Valdeck Almeida de Jesus, Salvador, Bahia.

A obra traz a famosa crônica de humor que nomina o novo livro, entre causos (de Itararé, é claro!), croniquetas diversas (sobre Mania de Banho, Fanático Por Bar, Baristas), entre um e outro tributo à boêmia; acontecências engraçadas de Santa Itararé das Letras (como ele mesmo diz) e de Sampa, onde o autor exilado de sua terra-mãe reside (no Butantã). Contações do arco da velha, e ainda o belíssimo texto “A Voz da Filha Que Não Houve” (foi vertida para o espanhol por um site aí, e ficou ainda mais belamente triste), e mesmo a tal da Declaração Universal dos Direitos dos Boêmios que é um destaque nas infovias da web, tão criativo texto quanto o próprio Estatuto de Poeta que corre a rede da net vertida para o espanhol e inglês, e que constou no livro Porta-Lapsos, Poemas, Editora All-Print, SP.

Da “Poética da Tristeza”, como na polêmica entrevista ao Provocações, em que o autor soberano driblou o Mefisto do Abujamra, passando pelo e-book de sucesso O RINOCERONTE DE CLARICE, primeiro livro interativo da rede mundial de computadores, tese de doutorado na UFAL, novamente Silas Correa Leite surpreende pela peculiaridade, estilo, domínio da escrita, fluência, desta feita paradoxalmente em alto astral, onde, irônico, traz um sortido de historiais, ainda com crônicas apimentadas de sensualidade em relações humanas extremamente mais realistas do que propriamente afetivas, verdadeiras narrativas pra boi dormir (no caso, cair nos risos ao lê-las), entretendo, revelando essa nua nova face de Literato contemporâneo que muito merecidamente por certo já o é. Quer saber? Basta buscá-lo num site como o Google, e você vai achá-lo em tudo quanto é lugar, quase 500 links. Com tantos prêmios de renome, vários livros, constando em mais de cem antologias literárias em verso e prosa, até no exterior, é de se esperar de Silas Correa Leite, a cada novo livro, uma mostra de sua lucidez e qualidade lítero-cultural.

O Livro O HOMEM QUE VIROU CERVEJA esteve na estande da Giz Editorial, na Bienal do Livro do Rio de Janeiro (Setembro 2009), e tornou-se uma espécie de fechamento de ciclo do escritor premiado, poeta, ficcionista, resenhista, crítico, preparando-se para outros novos voos, outras obras impressionantes, surpresas letrais, trabalhos diferenciados, acima da média e sempre contundentes, altamente criativos com imaginação fora de série, no caso deste livro O HOMEM QUE VI VIROU CERVEJA, literalmente fora do sério...

Aliás, o autor, que acompanho faz tempo (trabalho uma tese sobre sua importância na nova literatura brasileira), já tem um romance “aprovado” por uma importante editora da grande São Paulo, preparando ainda outros livros, como um novo de poesia, um novo de contos, um sobre vivências na educação pública, talvez um já sobre Fortuna Crítica, alguns infantis ou infanto-juvenis, todos em surrealismo ou realismo fantástico, enquanto em tantos blogues divulga suas letras-de-rock-poemas, entre tantas baladas e blues que compõe e que ainda permanecem inéditas em gravações.

Almeida Fischer disse:

“Um escritor se firma e permanece na lembrança de seus contemporâneos especialmente em função de sua inventiva, de sua técnica, de sua linguagem e/ou do seu poder renovador”.


Silas Correa Leite é exatamente isso; é assim, quem o conhece fica só sondando qual a própria criação a tirar da cartola de sua mente. Não vem fazendo sucesso por acaso. Não vem sendo entrevistado ou reportagem na chamada grande mídia porque escreve água com açúcar. Muito pelo contrário. Como ele tem apenas 57 anos, entre palestras, críticas sociais, ensaios e outros trabalhos em verso e prosa, não é de surpreender que o tal do “neomaldito da web” vire mesmo pop e cult, talvez entre para uma academia de letras, ou seja reconhecido por uma grande editora que banque sua obra de grosso calibre, porque é um escritor que tem muito o que produzir, criar, encantar.
-0-
Antonio T. Gonçalves
SP – W-mail:
tudotito@zipmaiul.com.br

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

O HOMEM QUE VIROU CERVEJA - Livro Premiado de Crônicas de Silas Correa Leite

Silas Correa Leite Entrevistado na TV Cultura, Programa Provocações


Press-Release




Silas CORREA LEITE Poeta de Itararé-SP lança livro na Bienal do Rio





“O homem que Virou Cerveja” é o novo sucesso do poeta de Itararé.




Primeiro lugar no “Concurso Valdeck Almeida de Jesus”, o livro de Silas é um mosaico de doze crônicas em que o poeta brinda o leitor com humor inteligente levado a sério - e, muitas vezes, extraído da dor, tal como leite extraído das pedras. A riqueza semântica e a propriedade de retratar cenas do cotidiano com a ‘profunda leveza’ das palavras precisas é a arte de Silas, cuja capacidade de roubar um riso, tocar a emoção ou despertar a consciência crítica do leitor está mais do que provada.





Silas Correa Leite, natural da Estância Boêmia de Itararé-SP, colabora com quase 500 sites brasileiros e do exterior, veiculando seus diferenciados textos críticos, de humor, boêmios, além de ensaios, crônicas e mesmo contos, poemas e artigos humanistas.“O homem que virou cerveja” é o resultado de um concurso em que brasileiros e estrangeiros fizeram resenhas do livro “Memorial do Inferno – A Saga da Família Almeida no Jardim do Éden”, de Valdeck Almeida de Jesus.





O prêmio oferecido ao autor da melhor resenha seria, obviamente, o direito à edição e publicação de um livro.





SERVIÇOO quê:


Lançamento de “O homem que Virou Cerveja”


Estande da Giz Editorial – Entre as ruas “C” e “D”, Pavilhão Laranja

Quando: dia 19 de setembro de 2009, às 16 horas

Contato com a Imprensa:

Valdeck Almeida de Jesus



Contato com a Editora:

Simone Mateus


(11) 3333-3059


Dados Completos da Obra:

Título: O Homem Que Virou Cerveja

Autor: Silas Correa Leite

Editora: Giz Editorial

Número de páginas: 95

ISBN: 978-85-7855-037-0

Editora: Giz Editorial

Assunto: Crônicas Hilárias de Um Poeta Boêmio

Prêmio Valdeck Almeida de Jesus, 2009, Salvador, Bahia

Número da edição: 1º edição

Formato: 14 x 21

Preço: R$ 30,00

domingo, 16 de agosto de 2009

Metamorfose Raul Seixas Ainda Vive e Brilha!




Metamorfoses


Raul: Assim Seixas!


Trombadinha é a fome

(Pichado Num Muro in Sampa)



-A última vez que o vi, estava saindo da sede do então Diário Popular, o mesmo jeitão alumbrado, então o cumprimentei por educação – não sou do tipo fã histérico ou baba-ovo - mas o Raul Seixas simplesmente apertou a minha mão demoradamente e me deu um abraço, como se eu fosse da familia. Familia Contra Ataca?

-Pensei, discriminando, claro, com os meus botões: deve estar pirado, entrou numas. Ora, isso ele sempre foi em todos os sentidos e insurgências. Já pensou? Depois ouvi o blues lindo que ele fez quando internado numa clínica periferia s/a da vida. Correm as lendas.

-E vai uma: depois de procurar o que tomar, viu embaixo da pia de casa um litro meio que escondido de vinho. Mamou direto. Alguém da casa chegou e, vendo o caso vazio, reclamou na bucha: o vinho tava azedado, tinham guardado pra usar como vinagre. Ele, o Seixas Raul tomou o livro de vinagre inteirinho.

-Canções com letras-mantras. Com letras-protesto. Com letras-crônicas. Com letras que mesmo aqui e ali tachadas de birutas, davam sentido a voos músico-letrais. Ou lítero-musicais. Todo ele uma espécie mestiço tropical-latino de Zimermam-Dylan na fase woodstock. Será o impossível?

-A metamorfose ambulante que bagunçava as opiniões formadas sobre tudo, escamoteando os ouros de tolos. E os tolos de ouro da vida mumificada em regras, modismos e hipocrisias gerais... Era o roqueiro daqueles anos festivais-vernizes, típico mochileiro, maconheiro, festeiro e criticador de peso e quilate. Na veia.

-Raul Seixas criticou igrejinhas, teve a tchurma toda a favor, porque ele criticando no fazer arte era um, no dia-a-dia era uma flor, uma moça. Qualquer musica dele cantada por qualquer um, vira sucesso. Porque ele foi único no que fazia de rock pauleira para ser comestível entre pizzas e crushs. Pois é.

-Pouca voz e muita letra. Se surgisse hoje, estouraria. Pra época era vanguarda. O Brasil tem nele o melhor roqueiro, melhor que Rita Lee (que de ovelha negra pintou global, argh!), pré Cazuza, pré Legião, uma espécie adiantada de Cássia Eller de blue-jeans. Já pensou?

-Se fizesse teatro, seria Plinio Marcos. Se fosse poeta, seria Glauco Matoso. Se fosse fêmeo seria Elis da fase pimentinha ao deus-dará. Mas era único no gênero, figurinha carimbada.

-Sentado no trono de seu apartamento, tinha idéias, corria compor, tava escrita a letramusica. Amigão, tinha momentos de recolhimentos, encucava essas e outras estações, mas, pan-arteiro, sabia que em tudo havia arte e ele tinha um seu próprio filão. Sorte da MPB que com ele foi muito mais que MPB. Foi Música Popular Parabólica. Parabolizado. No entanto, muito mais do que parcialmente fervido, no frever dos ovos.

-Agora, mais do que nunca, o andam cantando em verso e prosa pelaí. Deve ser alguma coisa datada. Mas se você cansar da nova música popular brasileira, que não é nova, não é música, não é popular, não é brasileira, ouça o Raul. Se você penou com a fase neobossa nova das novelas globais, saque o Raul. Ou mãos ao álcool. Pior, se você cansou desses novos roqueiros bananas que viçam bigs brothers por aí, ouça o Raul e que o Raul seja, quero dizer, trocadilhando, Raul Seixas!

-Pra ser um puta roqueiro, tem que ouvir Raul Seixas primeiro. Dá saudades. Para não dizer que não falei de flores, como é que pode morrer tão cedo? Por essas e outras, perdemos a cabeça estrambólica dele que dava o que falar, o que não falar, o que assinar embaixo, cantando refrões e letras diferenciadas.A Mosca da sopa das brasileiranças ufanistas pra curtume
-Um saradíssimo porra-louca, fazendo carnavales com guitarras e algo entre Hawai e Índia. Hawaíndia? Como cabeças & mentes marcam, fazem falta, ele ainda será cantado por tantas gerações futuras. Da que veio geração tubaína, passou pela geração coca cola, e agora cai no diapasão da Geração Teflon, que esquenta mas não quer realmente aderência. Tensão para exatidão, diria Paul Valery.

-Raul Seixas se foi pra ficar

-Assim Seixas!

-0-

Silas Correa Leite, Letrista-compositor de rocks, blues e baladas inéditas
E-mail:
poesilas@terra.com.br - Blogue: www.portas-lapsos.zip.net
Autor de O HOMEM QUE VIROU CERVEJA, Crônicas Hilárias de um Poeta Boêmio – Giz Editorial, SP, no prelo, Prêmio Valdeck Almeida de Jesus, Salvador Bahia 2009

domingo, 5 de julho de 2009

Para Onde Vão os Poetas Quando Morrem Cedo?





Para Onde Vão os Poetas Quando Morrem Cedo

Para Rodrigo de Souza Leão, In Memoriam

“Começar o escrever era descrever/
Descrever era desmanchar o que está escrito/
O que estava à vista parado/
No pensamento, no jardim/
E reescrever, de outra forma/
Em outra fôrma/
O novo curso e rasgo./
Escrever é desespera e espera...”/

Armando Freitas Filho
In, Lar, Poemas, Companhia das Letras



Para onde vão os poetas quando morrem jovens?
Para uma Terra do Nunca muito além de Pasárgada?
Para uma Shangri-lá das esferas letrais
Um desmundo na órbita das sensibilidades apuradas?
Para uma cidade fantasmas de sígnicos humanos
Em que há uma toda nova preparação para um revisitar-se?

Para onde vão os poetas quando morrem cedo?
O que é cedo ou tarde para o macadame das almas literais
E o espírito dos atribulados no caos telúrico
Entre o esquizofrêmito de criar um novo céu e uma nova guelra
Porque a insatisfação generalizada reina e viça
Nas infovias efêmeras que disparam solidões em concreto
Tirando impurezas do teclado e rangendo o rancor além da rede?

Para onde vão os poetas quando piram letras
Ferindo-se para escreverem com sangue dívidas e dúvidas
Muito além das cantagonias urbanas e das saciedades liriais
Quando tudo é só um grito de horror e os sonhadores sofrem
Como zumbis numa sociedade bizarra de bezerros com chips
Mais os sem-nome, sem-terra, sem-teto, sem saída, sem amor?

Para onde vão os poetas que se escrevem em dolorosos banzos-blues
E disparam torpedos de uma geração-teflon entre placas-mães
Tentando recuperar estimas que são lágrimas a seco
Num Brasil Sociedade Anônima em que a cultura é nicho
De neomalditos, de excluidos da mídia, de sonhadores sem grife?
Porque escrever é resistir; é dar forma a uma não-formalidade
Como se cada um gritasse seu grito individual, solitário, feito um indigente
Que procurasse pólvora na poesia, fósforo na fé, carbono nas tintas íntimas
Tentando refazer o próprio mundo muito além das placas de captura
E onde a própria realização é morrer para dar-se a ouvir como um eco num abismo?

...............................................................................................................

Para onde vão os poetas quando jovens e quando e morrem cedo?
Talvez um silêncio explique a perda, o vazio, a dor de existir
Entre regras falsas, deturpações sociais, tristes vazios culturais
Porque a morte é um protesto, uma fuga, o mais triste poema que existe
E sendo a saudade a mais pura forma de amor que resiste também é
Um grito contra as dilacerações transformadas em linguagens contra a própria indiferença...

-0-

Silas Correa Leite, Itararé-SP
E-mail:
poesilas@terra.com.br
www.portas-lapsos.zip.net
Autor de O HOMEM QUE VIROU CERVEJA, Crônicas, no prelo, Giz Editorial, SP

terça-feira, 19 de maio de 2009

Poema OLHAI OS LITROS NO CANTO




Olhai os Litros no Canto


Olhai os litros no canto

Conhaque, pinga, Martini, Cynar

E ainda o boêmio a procurar

Um aperitivo de anis para o quebranto


Olhai os litros em demasia

Destilados de incontáveis sabores

O boêmio em serpentina e poesia

Indisposição fisiologia e desamores


Olhai cada litro de bebida

Até amargas, como a vida o é

O noiteadeiro de Itararé

Aceitando desgraçar a própria vida


Olhai os semblantes perdidos

Dos viciados em aperitivos

São as paixões de seres vivos

Já pela cirrose combalidos

.............................................


Olhai os litros no canto

Se a um barista isso aprouver


Deve haver uma ingrata mulher

Fazendo o pinguço beber tanto!


-0-

Silas Correa Leite, Itararé-SP


segunda-feira, 18 de maio de 2009

Imprensa e Cultura - Silas Correa Leite





IMPRENSA E CULTURA


Já foi o tempo em que você comprava um jornalão dominical e recebia além das informações gerais, nacionais e internacionais, dos quadrinhos, do horóscopo, das palavras cruzadas e jogos de xadrez, das colunas sociais e de fofocas, também alguns belos poemas, variados contos, resenhas de livros de nível, quando não graciosos folhetins em capítulos, e tinha enorme prazer de repassar o jornal pros familiares todos, cada um do lar se identificando com um segmento informativo do veículo impresso, o que tornava a própria chegada do jornal uma festa, uma expectativa. Bons tempos aqueles. Eu mesmo conheci isso. Em casa era uma espécie de “castigo” ler um texto indicado, comentar sobre ele, pensar a respeito, quando não resumir direitinho, e isso fomentou cultura no clã, valorou a leitura (e a escrita) como um vício até, um costume ainda disseminado entre os herdeiros por consciência adquirida. Sorte nossa.

Já foi o tempo que o jornal era preocupado com a cultura como um todo, em que recitais, saraus de poesia e colunas de arte literária eram valorados, disseminando a cultura e propagando o valor da língua mátria, só pra citar Caetano Veloso. Agora os bicudos tempos neoliberais da globalização sem seca são outros. Azar nosso e da cultura brasileirinha que agoniza e morre.

Por incrível que pareça, lamentavelmente o próprio Jornal da Tarde (de São Paulo) que tinha o espetacular Caderno de Sábado totalmente voltado para a cultura muito mais caseira, com crítica literária nacional de primeira, de Erorci Santanna a José Nêumanne Pinto, de Nelson Oliveira a Wilson Martins, e, sem mais nem menos, de um dia pra outro, sem avisos e explicações plausíveis, simplesmente acabaram com o caderno tão ansiosamente esperado, repentinamente extinto sem qualquer bom senso, quando valoraram ainda mais o Jornal do Carro, criaram novos Cadernos de Imóveis, de Turismo, de Informática, veículos e, então a base cultural somada ao veículo informativo foi pra cucuia, infelizmente.

O insosso Caderno 2 do Estadão tem aqui e ali algum espaço cultural muito raso, e, normalmente vem com publicação pseudocultural traduzida de grandes jornais norte-americanos, quando não de algum país da Europa, mas tudo muito água-com-açúcar, raro é um texto que realmente ajuda, raro é um assunto temático que impressione pela qualidade, ficando o leitor interessado em cultura mais abrangente, com os caraminguás de tópicos mirrados sobre teatro, MPB (em decadência), balé, memórias, um e outro site ocasionalmente afim citado de passagem, croniquetas semanais e fim, babau, acabou o antigo grande conteúdo do jornalão dos Mesquitas. Que pena.

A Folha voltou o caderno da Ilustrada para os domingos mas não mudou muito, não evoluiu nada, aqui e ali circunstancialmente valora algum localizado segmento ocasional de cultura, mas muito raro a literatura universal e, claro, contos e poemas inéditos jamais, apesar de nossos “barrados no baile”, os craques na new literatura, inclusive os chamados neomalditos que anseiam por um espaço precioso para mostrarem sua criação e resistência, dando codinome aos bois, parafraseando Millôr. Esses estão fora do contexto midiático e que se arranjem de outro jeito.

Andei sapeando via internet os cadernos culturais dos jornalões do Grande Rio, de Belo Horizonte e plagas acima, depois de Curitiba e todas as grandes metrópoles sulistas e descobri que não muda muito a carestia lítero-cultural. Poemas, contos? Nem pensar. Estão lá os consagrados figurões com suas crônicas de épocas que nem sempre tão criativas, gostosas ou espetaculares, alguns amigos da casa escrevendo o óbvio ululante sobre enfoques narrativos triviais, às vezes, claro, tomando espaço de criatividades novas que dariam fermento hábil para importantes cabeças pensantes da cultura contemporânea que sobrevive com dificuldade nessa marginália literária por atacado desses bravos brasis gerais.

Sobrou o que? Deixei por último de propósito. O Caderno Mais dos Frias, da Folha, que você lê com certo temor adquirido por ranço de rotina costumeira, porque, claro estão lá sempre por rodízios sazonais os mesmos de sempre, dos poetas da casa que são todos de uma mesma editora pequena do Rio de Janeiro - que para disfarçar tem vários nomes de fantasia - Augusto de Campos, Décio Pignátari, e, aqui e ali uma tradução de um arcaico literato russo ou alemão decadente, e, fica-nos a impressão de que eles revezam esses nomes achados nos baús da história, mais um repetitivo Wally Salomão daqui e um ocasional achado caseiro dali, sem qualidade inteira, completa, inédita, de alguma panelinha pertinente, já que não estão mesmo muito preocupados em selecionar gente boa e inédita em prosa e verso, fora das panelas adjacentes, para darem espaço e promoveram a cultura propriamente dita em tempos pós-pós-modernos.

Pior são os artigos que traduzem de outros jornais estrangeiros, matérias esquentadas enchendo lingüiça com páginas e páginas a exaustão de um mesmo assunto chato por ocasião de uma data mundial, de um aniversário batido pela mídia internacional, mas tudo estrangeiro e rococó, chatos, cansativos, quando as opiniões tupiniquins são literalmente café pequeno no espaço. Enfim, o Caderno Mais, nosso último panteão de cultura, nosso último baluarte, está em decadência, estranhamente também decaindo cada vez mais em conteúdo e essência, e tá como a própria Revista da Folha: só coisa reles que não soma nada culturalmente, com honrosas exceções aqui e ali numa edição bem bolada por exceção ou acidente de pauta, talvez. Como eu disse inicialmente, foi-se o tempo em que os jornalões eram motivos de reunião de família, de debates em alto nível, de leitura prazeirosa, de acirrados diálogos em escritórios, clubes e escolas, de troca de idéias monumentais e que permitiam espaço ao rebento criativo novo, veiculando muita poesia e ficção sarada, além de grandes ensaios e generosa crítica artístico-cultural. Afinal, não é, quem é que lê poesia? Poesia não vende, logo, não dá lucro. Que se danem os pobres poetas e suas sensibilidades viciadas em escapes virtuais na internet menos seletiva e boçal, claro, e mais divulgadora pra gosto geral. Afinal, livro ainda é mercadoria, no mau sentido. Então melhor encher os jornalões de cadernos sobre barcos, turismo, casas, carros, esportes, comportamento, sociedade decadente, economia neoliberal globalizada (vade retro!), política, etc. deixando o caboclo leitor brasileiro literalmente a ver navios com a falta de disseminação cultural que poderia mudar corações e mentes, politizar, criar núcleos seletivos que propiciariam a curto e médio prazo mudanças sociais abrangentes no Brazyl S/A de tantos contrastes sociais, tantos lucros impunes, riquezas injustas, muito ouro e pouco pão. Mas, quem é que quer isso a partir da cultura, ou da poesia?.

E nem se habilite o cidadão pensador aí, em mandar um belo texto cultural pra coluna Tendências ou Debates da Folha, ou mesmo um poema inédito e de qualidade pro Caderno Mais dominical, quando não um release sobre evento cultural pra Folha Ilustrada, que eles antes agradeciam formalmente e diziam que já tinham muitos trabalhos bons - então por que não selecionam os recebidos aos montes e suspeitamente só publicam os ruins, de qualidade duvidosa e dos amiguinhos de sempre? - Pois agora eles nem agradecem mais. Não interessa e pronto. Você pesquisa, capricha, formata, junta currículo, envia e nada. Quem mandou querer se escritor, crítico, quem mandou estudar e pesquisar pra isso?

Para a chamada Grande Imprensa a questão cultural não é importante e ponto final. Isso exigiria um ótimo debate. Quem sabe o resgate cultural de nossa grande imprensa passe por uma conclamação geral, acadêmica, jornalística, baseada mesmo em apoio oficial e das chamadas terceiras vias? Acredito e aposto nisso. União Brasileira de Escritores e Associação Brasileira de Imprensa, mãos à obra! Criadores do Brasil uni-vos!.

Curto e grosso, azar nosso. Temos que, ou esquecermos o conhecimento cultural propriamente dito a partir dos veículos de comunicação em geral; repensarmos um jornalismo cultural que deveria ser valorado sob todos os aspectos até como formador de opinião e embasamento politico-educacional, ou, deixar de comprar os jornalões principalmente aos domingos, e comprar, isto sim, uma revista literária de qualidade e, aí sim, ler com prazer, chamar a família pro acervo, clamar pra leitura saudável no meio, reger pesquisas de todos os tipos, cobrar opiniões, trocar figurinhas, valorar no seio do clã a cultura em geral, pois, do jeito que está, se deixarmos que os jornalões e os veículos de comunicação televisivos e radiofônicos do jeito que estão, estamos perdidos, com tantos programas de fofocas e de esoterismos tantãs no rádio, com tantos programas sobre violência policial e de estereótipos de minorias na tevê, para não dizer os infanto-juvenis que, qualquer pai de bom senso vigia e seleciona para os filhotes em crescimento, porque a barra tá pesada nessa área. Novos tempos?. Estamos cada vez pior em cultura na imprensa, e alguém ter que colocar o dedo na ferida, pois, afinal, não é mesmo o bom Leitor que berra?.
-0-
Silas Corrêa Leite - Poeta, Educador, Jornalista. Pós-graduado em Educação, Literatura na Comunicação e Jornalismo para Lideranças Comunitárias na ECA/USP. Livro virtual pioneiro e de vanguarda (e-book) O RINOCERONTE DE CLARICE no site www.itarare.com.br
E-mail: poesilas@terra.com.br. Site pessoal: www.itarare.com.br/silas.htm
Texto da Série: Jornalismo Lítero-Cultural
Blog premiado do UOL: www.portas-lapsos.zip.net
Autor de O HOMEM QUE V IROU CERVEJAS
Crônicas Hilárias de Um Poeta Boêmio
Prêmio Valdeck Almeida de Jesus, Salvador, Bahia
Giz Editorial, no prelo

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Oração Pro Goleiro Feleipe do Timão





Oração de São Felipe, A Muralha do Timão

“Está na Bíblia:
Corinthians Cinco
Versículo Zero...”
Pastor Marcelinho Carioca Pé de Anjo

São Felipe que estais no coração da Soberana Nação Fiel
Ovacionado seja vosso nome pelo muro defensivo que és
Venha a nós mais um título com vossas portentosas defesas
Seja feita à vossa competência
O nosso sucesso de colecionar títulos magníficos
Assim na Terra como no Céu, pois Deus é Fiel
O gol nosso de cada dia nos daí sempre
Ao mesmo tempo evitando a pelota adversária em vossas santas redes
Pois que vestes o Manto Sagrado Do Corinthians
Pegai todas as bolas, matando jogadas, uma Muralha firme e forte
Pois é assim que vos amamos e o acreditamos vencedor
Pois o Mosqueteiro tens defendido com arrojo
Fibra e grandeza imperiosa, numinosa, sagracial
Nunca deixeis de cuidar das traves sagradas de nosso Timão
Livrai-nos sempre da derrota frente a adversários de chiqueiros
Levai o nome do Sport Clube Corinthians aos altos céus
Aos píncaros da glória
Com conquistas, vitórias, defesas arrojadas e títulos preciosos e importantes
Para todo o sempre Goleiro Felipe, Soberano, a Muralha
Amém!
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Poeta Silas Correa Leite, Santa Itararé das Letras, Estância Boêmia, SP, Brasil
Gavião da Fiel só não, um Zoológico da Fiel,
menos os do Morumbambis e as manchas da peste suína
E-mail: poesilas@terra.com.br
Autor de O HOMEM QUE VIROUI CERVEJA
Prêmio Valdeck Almeida de Jesus - Salvador Bahia, no prelo, Geração Editorial
Poema (salmo, oração) da série “Eram os Deuses Corinthianos?”
Blog premido: http://www.portas-lapsos.zip.net/ (Um dos dez melhores das UOL em 2008)

terça-feira, 12 de maio de 2009

Prêmio Valdeck Almeida de Jesus "O Homem Que Virou Cerveja"

Foto Silas Correa Leite, Autor Ricardo Jordani


Itarareense Ganha Prêmio e Lançará Livro de Crônicas

-Participando do Prêmio “Valdeck Almeida de Jesus”, Salvador Bahia, 2009, tendo como desafio lítero-cultural fazer uma resenha crítica sobre a obra de sucesso do escritor Valdeck Almeida de Jesus, o popular Romance “Memorial do Inferno, A Saga da Família Almeida no Jardim do Éden”, Giz Editorial, São Paulo-SP”, o Itarareense Silas Correa Leite faturou o primeiro lugar, sendo que o prêmio será o lançamento de um livro de Crônicas, denominado “O Homem Que Virou Cerveja – Crônicas Hilárias de Um Poeta Boêmio”, no prelo, pela Giz Editorial de São Paulo. No prefácio do livro o promotor cultural do evento literário assim escreve do escritor Silas Correa Leite, à guisa de prefácio:

“Por ocasião da divulgação de meu livro “Memorial do Inferno – A Saga da Família Almeida no Jardim do Éden”, tive a feliz ideia de organizar um concurso para a resenha crítico-literária da obra. Tal iniciativa, não nego, foi também uma forma de estabelecer contato imediato com eventuais tripulantes da “Nave das Palavras”, já que insisto em explorar a órbita da Literatura. O prêmio oferecido ao autor da melhor resenha seria, obviamente, o direito à edição e publicação de um livro. E eis que me vi diante de textos fantásticos, que chegavam de toda parte do país. Já antes da avaliação final, uma resenha, em especial, saltou-me aos olhos. Muito mais que uma resenha, era uma demonstração autenticada do perfeito domínio de palavras e ideias. Estava diante de um ‘artífice das palavras’, não tive dúvidas. Seu autor: Silas Correa Leite. Muito merecidamente, o vencedor do concurso. Era inevitável.
Como é possível constatar, no breve resumo biográfico que acompanha a obra, Silas Correa Leite, entre suas múltiplas atividades, é escritor premiado e reconhecido, nacional e internacionalmente, com poemas e contos que abrilhantam diversas antologias, jornais, revistas e espaços literários importantes, sobretudo na Internet.
Tão logo chegou até mim o ensaio de Silas sobre o “Memorial”, tratei de sair à caça de suas obras, de seus poemas, seus textos. E a cada um que descobria, mais fascinado ficava com a força semântica de sua escrita. Uma forma moralmente fecunda e bela de fazer do verbo a representação da vida, em todos os seus vértices e estertores. Silas Correa Leite parecia já ter nascido pronto para o vertiginoso universo das letras. Não há leitor que passe indiferente por suas palavras, posso apostar.
Silas é autor dos livros “Porta-Lapsos”, “Ruínas e Iluminuras”, “Trilhas & Iluminuras”, “Os Picaretas do Brasil Real” (todos de poemas), “Campo de Trigo Com Corvos” (contos), e “Ele Está No Meio de Nós”, romance Místico, e-book, e do livro virtual de sucesso “O Rinoceronte de Clarice”, tese de mestrado e de doutorado, destaque na mídia, inclusive televisiva, por ser o primeiro livro interativo da rede mundial de computadores. Além de escritor, Silas é também um operário da vida, engajado em projetos e atividades de toda ordem - sempre tendo a ética e a responsabilidade por vertentes, registre-se. É o tempo que escapa. É o correr da vida, como bem assinala Guimarães Rosa: "O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem." E coragem é o que parece não faltar a Silas Correa Leite, ainda que falte o tempo.
Quis o acaso, porém, que o tempo fosse aqui abreviado e que, por meio de um concurso que promovi, este livro tomasse forma. Não preciso dizer do orgulho que sinto em ter sido, de certo modo, o agente viabilizador desse ‘parto’, que traz ao mundo “O Homem que Virou Cerveja”, uma coletânea de quinze crônicas com o poder de encantar e absorver, seja com o humor inteligente levado a sério - e, muitas vezes, extraído da dor, tal como leite extraído das pedras -, seja com a riqueza semântica e a propriedade de retratar cenas do cotidiano com a ‘profunda leveza’ das palavras precisas, seja com a capacidade de roubar um riso, tocar a emoção ou despertar a consciência crítica do leitor. E isto, face à pressa e aridez de nossos dias, já é, no mínimo, uma pequena vitória.

A todos, resta-me desejar uma boa leitura!

Valdeck Almeida de Jesus - Escritor, Promotor Cultural

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Poema do Cervejólogo, Desce Redondo!

Desenho do Artista Plástico Jorge Chuéri
Para o Bloco do Poetinha (Silas Correa Leite)
Clube Atlético Fronteira. Carnaval 2006
Santa Itararé das Artes, Bonita Pela Própria Natureza


Poema do Cervejólogo


DESCE REDONDO


Para Aldir Blanc


Desce Redondo...

Não só a cerveja, o beberrão

Com seu barrigão sarado

Ladeira abaixo rolando

Igual bola de futebol


Desce Redondo...

Na propaganda sai barato

Mas a cerveja engordando

Desce rasteiro o boêmio
Esperando suar o sol


Desce Redondo...

Igualzinho barril de chope

(Com torneirinha e tudo)

Barriga abaixo - a cerveja

Loura gelada, a Skol

......................

Desce Redondo...

Se se descontasse a urina

Só se pagasse o prazer

Seria só redondo o preçoE

BEM VAZIO, O URINOL!


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Poeta Silas Corrêa Leite -De Itararé-SP

Poema da Série Eram os Deuses Corinthianos?

Autor do Romance VirtualELE ESTÁ NO MEIO DE NÓS

no sitewww.itarare.com.br

E-mail para contatos, ameaças, convites:

poesilas@terra.com.br Site pessoal: www.itarare.com.br/silas.htm -

Blogue premiado do UOL:
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Porque Hoje é Sexta-Feira Santa, Silas Correa Leite






Porque hoje é sexta-feira

E toda semana é santa

Saiamos para a noite brasileira

Vamos molhar a garganta

Porque hoje é sexta-feira

E o sedentarismo se agiganta

Convidemos a mulher companheira

Para a noitada que se levanta

Porque hoje é sexta-feira santa

Eu peço logo uma cerveja

A mulher pede uma fanta

Eu a chamo de Musa, de Tigreza

Ela me chama de obeso, de anta

Eu a quero de sobremesa

Ela me provoca pra janta

Porque hoje é sexta-feira santa

E ouviremos de Adoniran a Noel

E acordaremos no motel

Porque o Brasil é o nosso céu

Corrupção, Carnaval, escarcéu

Bela lua e um estupendo sol

Novela, contrabando, futebol

Terra que emana leite e mel

Cantemos o samba da Gaviões da Fiel

E representemos bem o nosso papel

De bons noiteadeiros

De alegres baladeiros

Nessa noite que a brisa beija e balança bem brejeira

Porque somos brasileiros

E é santa, a sexta-feira

Porque hoje é sexta-feira

E a semana foi sedentária

Porque a lua tá ali rueira

E a esperança extraordinária

Brindemos a paixão brasileira

Bebamos a turma inteira

Cerveja gelada e farra hilária

Brahma, Skol, Antártica, Bavária

Porque hoje é sexta-feira

Deixemos as estatísticas e ações de lado

Desfraldemos nossa bandeira

Esqueçamos a violência, o banzo, o fado

E com o coração decantado

Em nosso cordão encarnado

Vivamos a boêmia seresteira

Porque hoje é sexta-feira e não sábado

Porque hoje é sexta-feira

Eu que não sou besta

Vou fugir pra balada

Vou cair na gandaia

Se a sexta-feira é santa

A noitada me encanta

Com a cerveja gelada à camarão, MPB, praia

Porque hoje é sexta-feira

Vou descansar da luta da semana inteira

E vou curtir, contar piadas, namorar

Com a turma fuzarqueira

E a minha doce e suave mulher-bandeira

Com a celeste túnica prateada do luar

Vou comer petisco

Vou sambar arisco

Vou subir na mesa

Vou sorrir alumbrado

Vou pendurar o fiado

Espantar a tristeza

Porque hoje é sexta santa

Vou procurar viver, me recuperar

Se a batalha da vida é tanta

O fim de semana se agiganta

Vou ser feliz, sorrir, bebemorar-

Porque hoje é sexta-feiraA

bençoados sejam os humildes-

Porque hoje é sexta-feira

Viva o povo brasileiro

-Porque hoje é sexta-feira

Corinthians, tende piedade de nós

-Porque hoje é sexta-feira

Ninguém segura esse país-

Porque hoje é sexta-feira

Deus nos livre do buraco do Metro

-Porque hoje é sexta-feira

Vade retro PCC, sequestro relâmpago

-Porque hoje é sexta-feira

Vamos abraçar os amigos, a mulher

-Porque hoje é sexta-feira

Em São Paulo é um salve-se quem puder…

Minha terra tem feriado e zorra

De amalgamados cor de café

Não permita Deus que eu morra

Sem que a minha lágrima escorraInundando o rio Itararé…

Porque depois é sábado de ressaca

E a bendita boêmia continua

Aspirina com água mineral paca

E fazer dura caminhada na rua

Supermercado, sacolão, carne de vaca

E de novo à noite a luz da lua

Porque no sábado o poeta acentua

O prelúdio que a sua alma empaca

Sexta-feira e sábado se misturam

Amor e prazer logo se procuram

Os sentimentos novos se depuram

Baralho, pipoca, filme, bingo

Até que se arvora o domingo

Aí é macarrão caseiro na sogra

Cunhada, fofoca e toma xingo

Mas a semana logo se redunda

E amargaremos a chata segunda

Mas no outro final de semana me vingo

E surge de novo a bendita sexta-feira santa

Que a dura semana de dureza suplanta

Porque será sexta-feira de novo

E sairemos do arroz com chuchu e ovo

E estaremos com o nosso povo

Churrasco, baile, forfé, caipirinha

Forró, sertanejo, MPB, modinha

E farra novamente a noite inteirinha

Saravá, Poetinha

Porque toda sexta-feira é santa

Vamos outra vez nos reunir, relaxar

E a companheira que nos imanta

Contra a impunidade, chope e bar

Para encarar essa longa espera

Só no Orkut de toda a galera

Tomar viagra, sonhar, fugir enfim

Da herança maldita do Alckmin

Um poeta sobrevivendo canta

A curtição vivida por inteira

Por isso toda sexta-feira santa

Vamos espantar a bobeira

Caiamos na noitada faceira

Vamos brincar, molhar a garganta

Porque toda sexta-feira é santa

Viva a gandaia geral brasileira!


-0-


Silas Correa Leite

Estatuto de Poeta, Silas Correa Leite

Poeta Silas Correa Leite na Universidade de Palmas
Palestrando sobre o tema "a Arte Como LIbertação"



ESTATUTO DE POETA

Primeiro Rascunho Para um Esboço de Projeto Amplo, Total e Irrestrito

Silas Corrêa Leite
Artigo Um

Todo Poeta tem direito de ser feliz para sempre, mesmo além do para sempre ou quando eventualmente o “para sempre” tenha algum fim.
Artigo Dois
Todo Poeta poderá dividir sua loucura, paixão e sensibilidade com mil amores, pois a todos amará com o mesmo prelúdio nos olhos, algumas asas nas algibeiras e muitas cítaras encantadas na alma, ainda assim, sem lenço e sem documento.
Parágrafo Único
Nenhum Poeta poderá ser traído, a não ser para que a ex-Musa seja infeliz para todo o resto dos dias que lhe caibam na tábua de carne desse Planeta Água.
Artigo Três
Nenhum Poeta padecerá de fome, de tristeza ou de solidão, até porque a tristeza é a identidade do Poeta, a solidão a sua Pátria, sendo que, a fome pode muito bem ser substituída por rifle ou cianureto. E depois, um poeta não precisa de solidão para ser sozinho. É sozinho de si mesmo, pela própria natureza, com seus encantários, mundo-sombra e baladas de incêndio.
Artigo Quatro
A Mãe do Poeta será o magno santuário terreal de seus dias de lutas e sonhos contra moinhos e erranças de gracezas e iluminuras.
Filho de Poeta será como caule ao vento, cálice de liturgia, enchente em rio: deverá adaptar-se ao Pai chamado de louco por falta de lucidez de comuns mortais ou velado elogio em inveja espúria.
Artigo Quinto
Nenhum Poeta será maior que seu país, mas nenhuma fronteira ou divisa haverá para o Poeta, pois sua bandeira será a justiça social, pão, vinho, maná, leite e mel, além de pétalas e salmos aos que passaram em brancas nuvens pela vida. E depois, uns são, uns não, uns vão, uns hão, uns grão, uns drão – e ainda existem outros.
Artigo Sexto
A todo Poeta será dado pão, cerveja, amante e paixão impossível, o que naturalmente o sustentará mental e fisiológicamente em tempos tenebrosos ou de vacas magras, de muito ouro e pouco pão.
Artigo Sétimo
Nenhum Poeta será preso, pois sempre existirá, se defenderá e escreverá em legítima defesa da honra da Legião Estrangeira do Abandono, à qual sabe pertencer, com seu butim de acontecências, ou seu não-lugar de, criando, ser, estar, permanecer, feito uma letargia, um onirismo.
Artigo Oitavo
A infinital solidão do espaço sempre atrairá os Poetas.

Artigo Nono

Caso o Poeta viaje fora do combinado, tome licor de ausência ou vá morar no sol, nunca será pranteado o suficiente, nem lhe colocarão tulipas de néon, dálias aurorais, estrelícias de leite ou dente-de-leão sob o corpo que combateu o bom combate. Será servido às carpideiras, amigos, parentes, anjonautas e guardiões, vinho de boa safra por atacado, mais bolinhos de arroz, pão de minuto e cuque de fubá salgado.


Artigo Décimo

Poeta não precisará mais do que o radar de seus olhos, as suas mãos de artesão sensorial no traquejo do cinzel interior, criativo, sua aura abençoada e seu halo com tintas de luz para despojar polimentos íntimos em verso e prosa, como pertencimentos, questionários e renúncias.

Artigo Décimo-Primeiro

Poeta poderá andar vestido como quiser, lutar contra as misérias e mentiras do cotidiano (riquezas impunes, lucros injustos), sempre buscando pela paz social, ou ainda mamando na utopia de uma justiça plural-comunitária. Quem gosta de revolução de boteco é janota boçal metido a erudição alcoólica e pseudo-intelectual seboso e burguês. Poeta gosta mesmo de humanismo de resultados. De pegar no breu. A luta continua!


Artigo Décimo-Segundo

Poeta pode ser Professor, Torneiro-Mecânico, Operário, Jardineiro, Fabricante de Bonecas, Vigia-Noturno, Engolidor de Fogo, Entregador de Raposas, Dono de Bar ou Encantador de Freiras Indecisas. Poeta só não poderá ser passional, insensível, frio ou interesseiro. Ao poeta cabe apenas o favo de Criar. O poeta escreve torto por linhas tortas (um gauche), poesilhas (poesia rueira e descalça) e ficção-angústia. Escreve (despoja-se) para não ficar louco...para livrar do que sente. O Poeta, afinal, é um “Sentidor”

Artigo Décimo-Terceiro

Se algum Poeta for acusado levianamente de alguma eventual infração ou crime, a dúvida o livrará. E se o Poeta dizer-se inocente isso superará palavras acima de todos e sua fala será sentença e lei. A ótica do Poeta está acima de qualquer suspeita, e ele sempre é de per-si mesmo o local do crime da viagem de existir. Mas pode colaborar com as autoridades, cometendo um crime perfeito. Afinal, só os imbecis são felizes.



Parágrafo Único

Poeta não erra. Refaz percursos. Poeta não mente. Inventa o inexistente, traduz o impossível, delata o devir. Poeta não morre. Estréia no céu.

Artigo Décimo-Quarto

Aos Poetas serão abertas todas as portas, até as invisíveis aos olhos vesgos e comuns dos mortais anônimos, serão abertos todos os olhos, todas as almas, todos os caminhos, todas as chamas, todos os cântaros de lágrimas e desejos, todos os segredos dessa dimensão ou fora dela, num desespelho de matizes.


Artigo Décimo-Quinto

A primeira flor da primeira aurora de cada dia novo, será declarada de propriedade do Poeta da rua, do bairro, do país ou de qualquer próximo Poeta a confeitar como louco, como ermitão ou pioneiro, de vanguarda. Em caso de naufrágio ou incêndio, poetas e grávidas primeiro

Artigo Décimo-Sexto
Não existe Poeta moderno, clássico, quadrado, matemático como pelotão de isolamento, ou só aleijado por dentro, pois as flores e os rios não nascem nunca iguais aos outros, sósias, nem os poemas são tijolos formais. Nenhum Poeta poderá produzir só por estética, rima ou lucro fóssil. Poesia não é para ser vendida, mas para ser dada de graça. Um troco, um soneto, uma gorjeta, um haikai, um fiado pago, uns versos brancos, um salário do pecado, um mantra-banzo-blues. E todo alumbramento é uma meia viagem pra Pasárgada.

Poeta é tudo a mesma coisa, com maior ou menor grau de sofrimento e lições de sabedoria dessas sofrências, portanto, com carga maior ou menor de visão, lucidez, sensoriedade canalizada entre o emocional e o racional, de acordo com a sua bagagem, seu vivenciar, seu prisma existencialista de bon vivant. Poeta há entre os que pensam e os que pensam que pensam. Entre os que são e os que pensam que são. A todos é dado a estrada de tijolos amarelos para a empreita de uma caminhada que o madurará paulatinamente. Ou não. Todo poeta é aprendiz de si mesmo, em busca de uma pegada íntima, e escreve para oxigenar a alma. Afinal, são todos sementes, e sabem que precisam ser flores e frutos, para recriarem, para sempre, a eterna primavera.

Todo aquele que se disser Poeta, assim o será, ou assim haverá de ser

Parágrafo Um

O verdadeiro Poeta não acredita em Arte que não seja Libertação. Saravá, Manuel Bandeira!

Parágrafo Dois

Poeta bebe porque é líquido. Se fosse sólido comia.

Parágrafo Três

Poeta é como a cana. Mesmo cortado, ralado, amassado, ao ser posto na moenda dos dias, ainda assim tem que dar açúcar-poesia

Inciso Um

Poeta também bebe para tornar as pessoas mais interessantes.

Parágrafo quatro

Poeta não viaja. Poeta bebe. E todo Poeta sabe, que o fígado faz mal à bebida.





Artigo Décimo-Sétimo

Poeta terá que ser rueiro como pétala de cristal sacro, frequentador de barzinhos como anjo notívago, freguês de saunas mistas como recolhedor de essências, plantador de trigais amarelos como iluminador de cenários, cevador de canteiros entre casebres de bosquíanos, entre o arado e a estrela, um arauto pós-moderno como declamador de salmos contemporâneos entre extraterrestres.

Parágrafo Único


Poeta rico deverá ainda mais amar o próximo como se a si mesmo, ajudando os fracos e oprimidos, os Sem Terra, Sem Teto, Sem Amor, para então se restar bem-aventurado e poder escrever cânticos sobre a condição humana no livro da vida. Poeta é antena da época. E o neoholocausto do liberalismo globalizador é o câncer que ergue e destrói coisas belas.

Artigo Décimo-Oitavo

A todo Poeta andarilho e peregrino como Cristo, São Francisco ou Gandhi, será dado seu quinhão de afeto, sua porção de Lar, seu travesseiro de pétalas de luz. Quem negar candeia, azeite e abrigo ao Poeta, nunca terá paz por séculos de gerações seguintes abandonadas entre o abismo e a ponte para a Terra do Nunca. Quem abrigar um Poeta, ganhará mais um anjo-da-guarda no coração do clã que então será abençoado até os fins dos tempos.

Parágrafo único
O sábio discute sabedoria com um outro sábio. Com um humilde o sábio aprende.

Artigo Décimo-Nono

Poeta poderá andar vestido como quiser, com chapéus de nuvens, pés de estrelas binárias ou mantras de ninhos de borboletas. Nenhum Poeta será criticado por fazer-se de louco pois os loucos herdarão a terra e são enviados dos deuses. “Deus deve amar os loucos/Criou-os tão poucos...” - Um Poeta poderá também andar nu, pois assim viemos e assim nos moldamos ao barro-olaria de nosso eio-Éden chamado Planeta Água. E a estética para o poeta não significa muito, somente o conteúdo é essência infinital.

Artigo Vigésimo

Poeta gosta de luxo também, mas deve lutar por uma paz social, sabendo a real grandeza bela de ser simples como vôo de pássaro, simples como pouso em hangar fantástico, simples como beira de rio ou vão de cerca de tabuínha verde. Só há pureza no simples.

Artigo Vigésimo-Primeiro

Nenhum Poeta, em tempo algum, por qualquer motivo deverá ser convocado para qualquer batalha, luta ou guerra. Mas poderá fazer revoluções sem violência. Poderá também ser solicitado para ser arauto da paz, enfermeiro de varizes da alma ou envernizador de cicatrizes no coração, oferecendo, confidente, um ombro amigo, um abraço de ternura, um adeus escondido feito recolhedor de aprendizados ou visitador de bençãos, ou ser circunstancialmente um rascunhador clandestino de alguma ridícula carta de suicida.


Artigo Vigésimo-Segundo

Mentira para o Poeta significa cruz certa. Aliás, poeta na verdade nunca mente, só inventa verdades tecnicamente inteiras e filosoficamente sistêmicas...

Artigo Vigésimo-Terceiro

Musa-Vítima do Poeta será enfermeira, psicóloga, amante, mulher-bandeira, berço esplêndido, Santa. Terá que ser acima de todas as convenções formais, pau para toda obra. No amor e na dor, na alegria e na tristeza, até num possível pacto de morte.

Artigo Vigésimo-Quarto

Poeta não paga pensão alimentícia. Ou se está com ele ou contra ele. Filha e sobrevivente de uma relação qualquer, ficarão sob sua guarda direta e imediata. Ex-Mulheres serão para sempre águas passadas que não movem moinhos, como velas ao vento de uma Nau Catarineta qualquer, como exercícios de abstrações entre cismas, ou como aprendizados de dezelos íntimos de quem procura calma para se coçar.


Artigo Vigésimo-Quinto

Revogam-se todas as disposições em contrário

CUMPRA-SE - DIVULGUE-SE

Brasil, Cinzas, 1998, Lua Cheia – Do jazz nasce a luz!

Poeta Silas Corrêa Leite, Educador e Jornalista – Membro da UBE-União Brasileira de Escritores

(Texto traduzido para o espanhol pela Poeta Dr. Antonio Everardo Glez, de Durango, México) - Breve tradução para o inglês, francês e italiano.


E-mail: poesilas@terra.com.br – site com obras: www.itarare.com.br/silas.htm

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Filosofia Da Cerveja - Essa é Para a Vida Toda

Foto Jorge Chuéri, pela Máquina da Maria Amelia Chueri


ESSA É PARA A VIDA TODA!


Um professor de filosofia, parou na frente da classe e sem dizer uma palavra,pegou um vidro de maionese vazio e o encheu com pedras de uns 2 cm dediâmetro. Olhou para os alunos, e perguntou se o vidro estava cheio.Todos disseram que sim.Ele então, pegou uma caixa com pedregulhos bem pequenos, jogou-osdentro do vidro agitando-o levemente, os pedregulhos rolaram para osespaços entre as pedras.Tornou a perguntar se o vidro estava cheio.


Os alunos concordaram: agora sim, estava cheio!Dessa vez, pegou uma caixa com areia e despejou dentro do vidropreenchendo o restante.Olhando calmamente para as crianças o professor disse:


-Quero que entendam, que isto, simboliza a vida de cada um de vocês.As pedras, são as coisas importantes: sua família, seus amigos, sua saúde,seus filhos, coisas que preenchem a vida.Os pedregulhos, são as outras coisas que im portam: como o emprego, a casa,um carro...


A areia, representa o resto: as coisas pequenas...Experimentem colocar, a areia primeiro no vidro, e verão que nãocaberá as pedrase os pedregulhos...O mesmo vale para suas vidas.Priorizem, cuidar das pedras, do que realmente importa.Estabeleçam suas prioridades.O resto é só areia!Após ouvirem a mensagem tão profunda, um aluno perguntou ao professor sepoderiapegar o vidro, que todos acreditavam estar cheio, e fez novamente a pergunta:


-Vocês concordam que o vidro esta realmente cheio?Onde responderam, inclusive o professor:- Sim está!


Então, ele derramou uma lata de CERVEJA dentro do vidro.A areia ficou ensopada, pois a cerveja foi preenchendo todos osespaços restantes,e fazendo com que ele, desta vez ficasse realmente cheio.Todos ficaram surpresos e pensativos com a atitude do aluno, incluindoo professor.


ENTÃO ELE EXPLICOU:NÃO IMPORTA O QUANTO SUA VIDA ESTEJA CHEIA DE COISAS E PROBLEMAS, SEMPRE SOBRA ESPAÇO PARA UMA CERVEJINHA !!!!!!!!

Salmo de Cerveja - Cartun do Poeta Silas





Salmo da Cerveja


O isopor é meu pastor

A cerveja não me faltará

Cerveja gelada que estais no bar,

Aguardando a sexta-feira chegar.

Venha a nós o copo cheio.

Seja feita a nossa farra,Assim na sexta como no sábado.

O mé nosso de cada dia nos dai hoje,

Perdoai as nossas bebedeiras,

Assim como nós perdoamos

A quem não tenha bebido.E não nos deixei cair no refrigerante

E livrai-nos da água

Amém !

terça-feira, 5 de maio de 2009

Justiça Seja Feita, Verdade Seja Dita


Itarareense é o Cara!




Itarareense é o Cara

01)Itarareense não se apaixona... nutre sentimentos de fogo noturnal por fêmeas pedaçudas.02)Itarareense não faz exercício... queima calorias levantando copos e palitando petiscos.03)Itarareense não bebe... esquenta os neurônios pra criar piadas e bolar poemas e canções.04)Itarareense não come doce... a não ser que a musa seja diabética ou o licor seja de marolo.05)Itarareense não lava louça... a água faz mal pra saúde dos boêmios, Itarareense lava a égua.06)Itarareense não faz comida... serve aperitivos e canta na gandaia feito um paxá.07)Itarareense não tem dor de estômago... tem indisposição fisiológica depois de umas e ostras.08)Itarareense não toma remédio... toma sustos e soro etílico, e quando morre vira andorinha.09)Itarareense não gravidez psicológica...barriga de cerveja não paga pensão alimentícia. 10)Itarareense não tem q.i... tem que ir e vir pois o baile é bom e quem tem que q.i. que vá.11)Itarareense não é universitário... é profissional da noite seresteira em via etílica de treinamento...
12)Itarareense quando toma Coca Cola arrota pum.
13)Itarareense bebe porque é litro, se fosse garrafa tomava de canudinho.
-0-
“Abobrinhas Quando Nascem, se Esparramam Pelo Chão de Itararé”
Silas, poetinha
www.portas-lapsos.zip.net
www.campodetrigocomcorvos.zip.net
E-mail: poesilas@terra.com.br
(Textículo da Série “Eram os Deuses Itarareenses?”)